Os gemidos assustados do mestre tocaram meu coração. Aproximei-me vagarosamente por entre as oliveiras e ele sentiu minha presença. Seus olhos antes azuis pareciam um céu ao entardecer. Olhos rosados em profundas olheiras.
- O que fazes ainda aqui? Perguntou.
- Não vou lhe trair. Disse-lhe.
- Mas o Pai já disse que assim será. Retrucou.
- Porém vejo que o Filho quer desobedecer. Falei, encarando o olhar sofrido de meu querido Rabino.
A face do nazareno estava marcada por dois sulcos deixados pelas lágrimas. O ar pesava como chumbo, já havia escurecido e os demais dormiam.
Continuei:
- Se Ele é o Pai, então você é o Filho. Se não podes ou não queres que um exército de anjos venha lhe salvar, eu o farei.
- Não é assim que estará escrito. Profetizou.
- Não importa, repliquei, eu não deixarei que destruam que flagelem ou matem o amor personificado. Não deixarei que os homens sobrepujem com seus egoísmos e suas fraquezas as coisas que aprendi com você.
- Homem! Deixe de desobedecer. Faça a vontade do Senhor! Determinou.
- Condenarás aquele que vai contra o mundo para salvar a sua palavra? Perguntei.
- As minhas palavras só viajarão no tempo se o destino traçado pelo Pai for cumprido.
- E este pavor que lhe toma a alma? Esta vontade insana de sair correndo para os confins do oriente e lá se perder nos braços de uma juventude interrompida por esta missão? Como explicar isso?
- Sou humano. Meu Pai decidiu assim. Meu medo é escravo desse corpo. Alegou, olhando para o chão e com seus cabelos caídos sobre a face.
- Teu medo é escravo, mas tua vontade é livre. Seu coração humano é quem manda no teu espírito. Tentei.
- Vá de retro satanás. Rosnou o Rabino.
Ele bem sabia que minhas intenções nada eram satânicas. Professou tais palavras sem fé, sem força, mal ameaçou e já estava de novo agachado, chorando muito. Curvei-me e toquei sua cabeça sentindo toda a sua angustia.
- Sua palavra será salva. Prometi.
Dessa vez Ele ergueu os olhos de um jeito interrogativo.
Expliquei então:
- Deixe que me levem. Somos muito parecidos. Muitos desses Rabinos só o observaram de longe. Pedirei para que algum garoto lhes diga nosso esconderijo. Vá mestre, fuja, corra para o Oriente, viva aquilo que merece.
Dessa vez o Homem pareceu balançar. Continuei argumentando.
- Somos muito parecidos. Manterei a cabeça baixa. Deixarei meu cabelo solto sobre o rosto. Com certeza me enviarão para um grupo de figurões, Romanos que nem lhe conhecem. Faremos um pacto. Contaremos a história do seu jeito. Um bom boato ressuscitará e eternizará suas palavras de amor a toda humanidade.
Sentindo o silêncio do Mestre, já fui acordando os demais. Sentamos e combinamos tudo. O destino de meu nome, decidimos que seria o arrependimento e a forca.
Logo o garoto estaria chegando com os soldados.
Despedimos-nos do nosso querido líder. Dei um beijo em sua face. O Rabino sairia na escuridão até encontrar alguma caravana rumo ao leste do deserto.
...
Os soldados chegaram.
Pedro ainda tentou brigar. Cortou a orelha de um soldado. Enfurecidos eles me levaram até o olho do furacão.
...
Na cruz minha dor era lancinante, a mulher olhava com os olhos cheios de lágrimas. Emudecida não entendia.
...
Em alguma caravana rumo ao pacífico, o Mestre tomava uma fumegante tigela de lentilhas olhando o sol poente.
- O que fazes ainda aqui? Perguntou.
- Não vou lhe trair. Disse-lhe.
- Mas o Pai já disse que assim será. Retrucou.
- Porém vejo que o Filho quer desobedecer. Falei, encarando o olhar sofrido de meu querido Rabino.
A face do nazareno estava marcada por dois sulcos deixados pelas lágrimas. O ar pesava como chumbo, já havia escurecido e os demais dormiam.
Continuei:
- Se Ele é o Pai, então você é o Filho. Se não podes ou não queres que um exército de anjos venha lhe salvar, eu o farei.
- Não é assim que estará escrito. Profetizou.
- Não importa, repliquei, eu não deixarei que destruam que flagelem ou matem o amor personificado. Não deixarei que os homens sobrepujem com seus egoísmos e suas fraquezas as coisas que aprendi com você.
- Homem! Deixe de desobedecer. Faça a vontade do Senhor! Determinou.
- Condenarás aquele que vai contra o mundo para salvar a sua palavra? Perguntei.
- As minhas palavras só viajarão no tempo se o destino traçado pelo Pai for cumprido.
- E este pavor que lhe toma a alma? Esta vontade insana de sair correndo para os confins do oriente e lá se perder nos braços de uma juventude interrompida por esta missão? Como explicar isso?
- Sou humano. Meu Pai decidiu assim. Meu medo é escravo desse corpo. Alegou, olhando para o chão e com seus cabelos caídos sobre a face.
- Teu medo é escravo, mas tua vontade é livre. Seu coração humano é quem manda no teu espírito. Tentei.
- Vá de retro satanás. Rosnou o Rabino.
Ele bem sabia que minhas intenções nada eram satânicas. Professou tais palavras sem fé, sem força, mal ameaçou e já estava de novo agachado, chorando muito. Curvei-me e toquei sua cabeça sentindo toda a sua angustia.
- Sua palavra será salva. Prometi.
Dessa vez Ele ergueu os olhos de um jeito interrogativo.
Expliquei então:
- Deixe que me levem. Somos muito parecidos. Muitos desses Rabinos só o observaram de longe. Pedirei para que algum garoto lhes diga nosso esconderijo. Vá mestre, fuja, corra para o Oriente, viva aquilo que merece.
Dessa vez o Homem pareceu balançar. Continuei argumentando.
- Somos muito parecidos. Manterei a cabeça baixa. Deixarei meu cabelo solto sobre o rosto. Com certeza me enviarão para um grupo de figurões, Romanos que nem lhe conhecem. Faremos um pacto. Contaremos a história do seu jeito. Um bom boato ressuscitará e eternizará suas palavras de amor a toda humanidade.
Sentindo o silêncio do Mestre, já fui acordando os demais. Sentamos e combinamos tudo. O destino de meu nome, decidimos que seria o arrependimento e a forca.
Logo o garoto estaria chegando com os soldados.
Despedimos-nos do nosso querido líder. Dei um beijo em sua face. O Rabino sairia na escuridão até encontrar alguma caravana rumo ao leste do deserto.
...
Os soldados chegaram.
Pedro ainda tentou brigar. Cortou a orelha de um soldado. Enfurecidos eles me levaram até o olho do furacão.
...
Na cruz minha dor era lancinante, a mulher olhava com os olhos cheios de lágrimas. Emudecida não entendia.
...
Em alguma caravana rumo ao pacífico, o Mestre tomava uma fumegante tigela de lentilhas olhando o sol poente.
2 comentários:
Hum! Boa teoria! Mas, antes de seguir seu rumo mundano, o mestre é quem teria saído do sepulcro no terceiro dia, depois de ocultar o corpo do jovem amigo.
É! Poderia ser assim! Mas na minha brincadeira, essa parte se explicaria com a boataria do povo. Afinal de contas, há controvérsias nessa parte da história.
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